O projeto “Ô, gira, deixa a gira girar” leva a arte contemporânea da Bahia até Maputo, capital de Moçambique, com ações culturais e artísticas de 11 a 16 de junho. As atividades acontecem no Museu Mafalala e no Instituto Guimarães Rosa, promovendo um intercâmbio entre artistas baianos e os contextos africanos que ecoam suas matrizes estéticas, espirituais e históricas.
Sob curadoria de Juci Reis e com gestão da Flotar Plataforma, o projeto abre caminhos entre ancestralidade, arte contemporânea e território, com a participação de artistas como Mayara Ferrão, Filipe Mimoso, Vtoria, XAVS, Vittor Adél, Kauam Pereira e Edbrass Brasil.
Inspirado nos conceitos de encruzilhada e comunicação — a partir da saudação Inzila, dedicada às entidades que guiam os caminhos — o projeto é curado pela Casa de Exu e seus assentamentos, reverenciando as forças encantadas que habitam os espaços da entrada e da saída, da ida e da chegada. Ao convocar a divindade terra-mulher e as guardiãs das comunidades, o projeto estabelece uma atmosfera simbólica que atravessa os fluxos entre Bahia e Moçambique, sagrando cada passo como ato criativo e espiritual.
A proposta articula elementos artísticos e experimentais da arte contemporânea com fundamentos do artivismo — compreendendo que todo movimento nas artes vivas e territórios encarna saberes ancestrais. Utiliza a Gira como conceito central: um espaço-tempo coletivo de encontros, corpas, imaterialidades e manifestações que ativam o corpo-território-espírito, abrindo escuta para as vozes sensíveis e ancestrais que vibram no presente.
Intercâmbio entre ancestralidade e contemporaneidade
Com foco em performance, artes visuais, audiovisual, música e dança, o projeto reúne artistas com práticas que evidenciam as cosmovisões afro-diaspóricas, insurgências poéticas e linguagens híbridas. A circulação internacional busca ampliar diálogos entre as expressões culturais afro-baianas e os contextos africanos, afirmando uma rede de criação, memória e futuro compartilhado.
Além das ações artísticas e educativas, será construída uma documentação reflexiva, em formato de Livro-Gira ou Acervo/Arquivo Digital, com registros do intercâmbio. O material servirá como fonte para debates sobre ancestralidade de matriz africana no Brasil, artivismo, protagonismo negro e os atos de criação como resistência e existência. A ideia é fortalecer os modos de fazer, celebrar e expressar da cultura afro-brasileira a partir da arte.
A base conceitual do projeto está ancorada nas artes contemporâneas conectadas às matrizes afro-diaspóricas da Bahia, valorizando os saberes, rituais, etnias e tradições que compõem a herança cultural negra local. Assim, as ações contribuem para difundir práticas artísticas e intelectuais, dando visibilidade às expressões negras e LGBTQIA+ que emergem dos territórios periféricos e insurgentes.
De forma atemporal, a Gira também saúda os encantados — forças visíveis e invisíveis — que lutaram e lutam pela libertação do corpo negro. Através da arte e da memória, reverencia figuras históricas como as da Revolta dos Malês, ao mesmo tempo em que celebra a criação coletiva como gesto de continuidade e cura.
Em Moçambique, a gira também atravessa caminhos do Islã negro-africano, presente nas tramas culturais e espirituais de comunidades locais. A presença muçulmana, especialmente nos bairros históricos como Mafalala, guarda memórias de resistência, oralidades sagradas, tradições de vestimenta, dança, rituais e espiritualidades que se entrelaçam com os fluxos da diáspora e dialogam com heranças afro-brasileiras, como a Revolta dos Malês. Nesse cruzo, a gira se abre para escutar os saberes islâmicos africanos como parte das camadas vivas de uma memória que continua em movimento.
De forma atemporal, a Gira saúda os encantados — forças visíveis e invisíveis — que lutaram e lutam pela libertação do corpo negro. Através da arte e da memória, celebra a criação coletiva como gesto de continuidade e reverência, evocando figuras históricas como as da Revolta dos Malês, símbolo de resistência e espiritualidade negra.
Em Moçambique, esse movimento encontra ecos no Islã negro-africano, presente nas tramas culturais e espirituais de comunidades como as do bairro histórico de Mafalala. Lá, tradições de oralidade, vestimenta, dança e rituais mantêm vivas as memórias de resistência, que dialogam com as heranças afro-brasileiras e ampliam os sentidos da diáspora. Nesse cruzo, a Gira se abre para escutar os saberes islâmicos africanos como parte de uma memória em movimento.
Com gestão da Flotar Plataforma, a iniciativa conta com o apoio da SECULT Bahia e da Fundação Gregório de Mattos (FGM), através de editais de mobilidade cultural que viabilizam essa circulação.
Conheça um pouco mais dos(as) artistas da Gira
Mayara Ferrão (Salvador, BA)

Kauam Pereira (Alagoinhas, BA)

XAVS (Salvador, BA)

Edbrass Brasil (Salvador, BA)

Filipe Mimoso (Salvador, BA)

Vittor Adél (Salvador, BA)

Vtoria (Jequié, BA)
