‘Dembwa’ abre residência em dança para corpos dissidentes

Desde o dia 9 de junho, uma chamada ecoa no corpo de quem dança. É tempo de escuta, de gesto, de chão. O projeto “Dembwa – Mapear o Movimento: tempo, memória e ancestralidade” está com inscrições abertas até 25 de junho para sua residência artística em dança, voltada a jovens artistas pretos/as e LGBTQIAPN+ da Bahia. As inscrições podem ser feitas pelo formulário online ou pelo perfil @dembwa_ no Instagram.

A residência é uma expansão do espetáculo Dembwa, criação dos artistas Marcos Ferreira e Ruan Wills, que emergiu de suas vivências como homens pretos, periféricos, afeminados, dançarinos e filhos de terreiro. A proposta convoca quem carrega em si danças de casa, de terreiro, de festa, de esquina — e transforma o corpo em documento, em encruzilhada, em território de invenção.

Marcos e Ruan conduzem seis encontros de criação nos dias 2, 4, 7, 9, 11 e 14 de julho, sempre das 8h às 12h, no Espaço Xisto Bahia. Dez artistas serão selecionades e receberão cachê de R$ 1.000,00. Ao final, haverá uma partilha pública com o resultado da residência. A produção não cobre custos com transporte, alimentação ou hospedagem para residentes de outras cidades.

Ruan Wills iniciou sua trajetória na infância, dançando com a irmã em um grupo de axé music. Desde então, percorreu formações em ballet clássico, dança moderna, dança de salão e contemporânea, além de experiências em performance negra com o Bando de Teatro Olodum e videoclipes artísticos. Marcos Ferreira atua como dançarino e assistente na Jorge Silva Cia de Dança, com mais de 30 anos de trajetória, além de dirigir o Grupo Jeitus de Dança e o Balé Jovem de Cajazeiras. Também é arte-educador e estudante de Licenciatura em Dança na UFBA.

Juntes, coreografam memórias, costuram figurinos com retalhos de vida e constroem um presente que é ponte entre o passado e o futuro. Como diz Ruan, “o espetáculo permeia esses chãos que nos afirmam e fortalecem. E aí trazemos os ritmos e coreografias contemporâneas para dançar e firmar nossos corpos como referência ancestral do agora”.

“A residência convida artistas do corpo a mergulharem em uma pesquisa sensível e crítica sobre o movimento enquanto expressão que atravessa o tempo, convoca a memória e se enraíza na ancestralidade”, afirma Marcos.

Realizado com apoio do Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria de Cultura e da Política Nacional Aldir Blanc – PNAB (Ministério da Cultura – Governo Federal), o projeto amplia os horizontes do espetáculo e propõe um espaço de escuta e criação coletiva. É uma oportunidade para jovens artistas se reconectarem com suas raízes, investigarem seus gestos e reafirmarem a dança como território político, poético e ancestral.

Fotos: Alice Rodrigues

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Criado por Jadson Nascimento

Contatos

Salvador - BA
71 9 8618-8303
Email: portaldiaspora1@gmail.com

Seja avisado dos nossos conteúdos pelo email

© 2022 DIASPORA Todos os direitos reservados.