O multiartista baiano Nando Zâmbia lança nesta quarta, 9, às 18h, na Casa do Benin (Pelourinho), o projeto ELEGBAPHO – Território Afrocênico de Celebração Negra, com apoio do programa Rumos Itaú Cultural 2023-2024. A ação marca seus 25 anos de trajetória nas artes e promove um espaço de troca, arte e reflexão sobre o que mudou – e o que ainda precisa mudar – para a população negra brasileira durante a Década Internacional dos Afrodescendentes, instituída pela ONU.
No evento de estreia, Nando recebe artistas negros em uma roda de conversa: o ator Sulivã Bispo, a coreógrafa Tania Bispo, e o diretor musical Jarbas Bittencourt, acompanhado pelos músicos Talita Felícia (baixo acústico) e Jarder Ryan (clarinete). A abertura será conduzida pelo ogan e pesquisador Domingos Okanlewá.
“Sabemos que ainda estamos muito longe de uma situação de equidade, e falar do lugar da resistência continua sendo necessário, por outro lado, não podemos esquecer que os nossos ancestrais nunca deixaram de celebrar”, afirma Zâmbia. Para ele, mais do que listar conquistas, o projeto também questiona: o que se perde quando se deixa de celebrar?
Além do lançamento, outros encontros ocorrerão em maio, reunindo artistas e pensadores negros para discutir a potência das celebrações na construção de memória e futuro.
Candomblecista iniciado para Exu, Nando integra o Núcleo Afro-brasileiro de Teatro de Alagoinhas – NATA – há 20 anos, e ancora seu trabalho no Teatro Preto de Candomblé, desenvolvido ao lado da dramaturga e doutora Onisajé, que também atua no projeto como consultora de dramaturgia.
No Candomblé, todo pedido atendido deve ser celebrado. “A celebração é a paga de Exu”, explica Nando. Exu, orixá da comunicação entre mundos, é homenageado na criação do nome ELEGBAPHO – fusão entre Elegbara, orixá de cabeça de Zâmbia, e o termo “bapho”, que no Pajubá, linguagem LGBTQAPN+, indica algo extraordinário. Bapho também remete ao calor do fogo, elemento de Exu que simboliza vida e movimento.
Foto: Adeloyá Ojúbará