O fotógrafo baiano André Fernandes foi premiado no Concurso Internacional de Arte para Artistas Minoritários, promovido pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH). A cerimônia ocorreu nesta terça-feira, no Centro de Artes da Escola Internacional de Genebra (Ecolint), na Suíça.
Com o ensaio fotográfico Orixás, que retrata as divindades do Candomblé em toda sua riqueza estética e espiritual, Fernandes foi o único brasileiro selecionado entre os oito artistas premiados na edição. O trabalho, produzido ao longo de dois anos, destaca as vestes, adornos e elementos rituais que conectam os praticantes à ancestralidade africana, promovendo um debate importante sobre memória, fé e resistência cultural.
O júri, composto por cinco especialistas, destacou a qualidade técnica das fotografias e a relevância temática do ensaio para ampliar a compreensão sobre direitos humanos e culturas minoritárias. Para André Fernandes, o reconhecimento é um marco em sua trajetória. “Enquanto artista, é uma grande oportunidade de usar a arte para lançar luz sobre a beleza do Candomblé e dar visibilidade internacional às nossas narrativas ancestrais. É uma honra representar a Bahia e o Brasil em um espaço tão relevante para os direitos humanos”, afirmou.



O projeto Orixás foi fotografado em 2014 no Terreiro Ilê Axé Alaketu, em Salvador, sob orientação do babalorixá Indarê. Fernandes revelou que o processo envolveu grande dedicação, incluindo detalhes como a busca de uma lona de caminhão para compor o fundo das imagens, que demorou mais de sete meses.
Além da premiação, o fotógrafo participa de uma série de eventos em Genebra até o dia 1º de dezembro, incluindo a 17ª sessão do Fórum das Nações Unidas para Minorias, exposições de arte, o lançamento do catálogo da premiação e reuniões sobre arte, cultura e direitos humanos. “Estar aqui, conhecendo pessoas com histórias tão potentes, é muito gratificante. Essa experiência amplia meu olhar sobre temas que trabalho e me dá ainda mais responsabilidade de levá-los adiante”, disse.



O projeto Orixás teve apoio financeiro do Fundo de Cultura da Bahia, Secretaria da Fazenda, Secretaria de Cultura do Estado e da Fundação Gregório de Mattos, além de recursos do edital Salvador Circula e da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura. Para Fernandes, as fotografias vão além do registro estético: são um ato de resistência e preservação cultural. “Documentar os Orixás é preservar a memória afrodescendente e combater os estigmas em torno das religiões de matriz africana. Espero que meu trabalho inspire reflexões e promova mais respeito e celebração da diversidade.”
Foto capa: © ACNUDH/Irina Popa