Durante a Lavagem do Bonfim, nesta quinta-feira, 16, o Instituto JusEsperança promoverá uma ação de conscientização sobre as múltiplas formas de violência sexual contra mulheres. A campanha inclui escutas de mulheres durante o cortejo para identificar situações de violência e orientações sobre tipos de agressões, implicações legais e acesso a mecanismos de proteção e direitos.
Coordenada pela advogada e ativista de Direitos Humanos, Prof.ª Dr.ª Anhamoná Brito, a iniciativa busca sensibilizar as mulheres sobre práticas abusivas muitas vezes naturalizadas ou ignoradas. “A campanha visa estimular as mulheres a revisitar experiências, identificando abusos que passam despercebidos ou são banalizados, tanto por pessoas próximas quanto por instituições”, explica Anhamoná.
A ação destaca o aumento das violências sexuais durante grandes eventos, como o cortejo que reúne cerca de um milhão de devotos. Casos de importunação sexual e estupro são frequentes, refletindo uma sociedade machista que normaliza agressões no contexto festivo. “Atos como toques sem consentimento, exibição de partes íntimas ou insistência em cantadas são crimes que precisam ser reconhecidos como tal”, reforça a pesquisadora.
A campanha também aborda práticas como obrigar atos sexuais indesejados, retirar preservativos sem consentimento, e coagir mulheres a matrimônio ou gravidez. Essas ações serão explicadas por meio de uma abordagem pedagógica que conecta as vítimas ao conhecimento de seus direitos.
Dados do Unicef e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam para a vulnerabilidade de crianças, adolescentes e mulheres em situação de rua. Entre 2021 e 2023, foram registrados 164.199 casos de violência sexual contra menores no Brasil, sendo 67% ocorridos dentro de casa e, em 85,1% dos casos, cometidos por pessoas conhecidas.
Anhamoná destaca que mulheres em situação de rua são ainda mais vulneráveis, enfrentando abusos frequentes de outros moradores de rua e até de agentes policiais. “Enquanto a cidade celebra, essas mulheres, crianças e adolescentes vivem invisibilizadas e expostas a diversas formas de violência sexual. É urgente educar e garantir seus direitos”, alerta.
O JusEsperança, comprometido com a educação em Direitos Humanos, segue atuando para popularizar conteúdos jurídicos e promover justiça social e cidadania.
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