O poeta e escritor Atanael Barros, natural de Água Fria (BA), atravessa o Atlântico para uma imersão artística e ancestral em Moçambique. Em 1º de dezembro, ele desembarca em Maputo para realizar o projeto “Afropoetizando – Mar Ancestral”, que reúne o lançamento internacional do seu segundo livro, Preto da Realeza, uma oficina de escrita, performances poéticas e a produção de um documentário. As ações são abertas ao público e contam com apoio da Secult/Ba.
Defensor de uma educação afrocentrada e antirracista, Atanael utiliza sua obra e referências de autores negros como ferramentas pedagógicas voltadas à juventude moçambicana que, assim como a brasileira, compartilha o português como legado da colonização. As atividades propõem debates sobre identidade negra, memória, letramento racial e reconexão com a herança afro-brasileira.
“Esse intercâmbio é mais que uma oportunidade: é a chance de aprender com os meus, absorver tudo que for possível e compartilhar com os próximos. Nosso conhecimento é ancestral e ninguém nos tira isso. Sempre sonhei em conhecer o continente africano, e essa experiência será fundamental para minha pesquisa e trajetória artística”, afirma o escritor.


A oficina de escrita criativa convidará os participantes a revisitar memórias e transformar vivências em narrativas, apoiadas por elementos como dança, música e vestimentas. A metodologia valoriza a escuta ativa, a sensibilidade e uma abordagem antirracista e decolonial, estimulando a criação de poemas e textos autorais a partir de repertórios da literatura negra.
“As oficinas serão espaços horizontais, afetivos e baseados na troca de saberes, no reconhecimento da ancestralidade e na palavra como instrumento de transformação. Trabalhamos temas como racismo estrutural e a força da escrita na construção de novos futuros”, destaca.
A jornada de Atanael em Moçambique se encerra em 11 de dezembro. O resultado dessa vivência afrodiaspórica dará origem a um documentário que será exibido em três territórios identitários da Bahia — Portal do Sertão, Região Sisaleira e Litoral Norte/Agreste — e também inspirará seu terceiro livro.
“Toda essa circulação cultural fortalecerá a escrita do meu próximo livro e reafirmará a potência das palavras na criação de futuros possíveis. Resistir também é lembrar, criar e narrar as próprias histórias. O projeto cumpre, assim, um papel formativo, político e cultural, ao afirmar a memória, a escuta e a criação como práticas pedagógicas essenciais para uma educação antirracista.”
O projeto “Afropoetizando – Mar Ancestral: o mais próximo de casa” tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, por meio do Fundo de Cultura, da Secretaria da Fazenda e da Secretaria de Cultura, através do edital Mobilidade Cultural 2025. São parceiras da iniciativa: Flotar Plataforma, OMI Plataforma, Mercado das Indústrias Culturais e Criativas de Moçambique e Instituto Guimarães Rosa – Embaixada do Brasil em Moçambique, no marco dos 50 anos de relações diplomáticas entre os países.
Foto: divulgação
