Sertão Sankofa celebra arte, memória negra e indígena na Bahia

Nos dias 18 e 21 de outubro, o quilombo artístico Sertão Sankofa, idealizado pela performer Dani de Iracema, será apresentado no Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima, em Vitória da Conquista. O projeto conecta artistas negros e indígenas em uma residência artística, resultando em uma performance coletiva que abre as duas apresentações do solo “Memórias Imaginadas das Terras por Onde Andei”.

A programação começa no dia 18 com a roda de conversa “Sertão Afroindígena” e a primeira performance às 18h30. No dia 21, a segunda apresentação integra o FUICA – Festival Universitário Intercampi de Cultura e Arte da UESB. A performance conta com Afrontosa Let, Duda Nazaré, Jade Roxo, Raffá Obá Mirim e Rafa Pereira, artistas que participaram de uma imersão artística desde 11 de outubro. O grupo visitou a comunidade quilombola Batalha, que reivindica sua ancestralidade indígena e o reconhecimento do território como Aymoré-Mongoyó.

O solo de Dani de Iracema, “Memórias Imaginadas das Terras por Onde Andei”, é uma obra autobiográfica que explora a migração da artista, nascida no sertão baiano, para a capital. A narrativa performática é um mergulho nas memórias da ancestralidade africana no sertão, evocando experiências de banzo, retirâncias e fugas, em busca de reconexão com territórios arrancados.

“Estar com os mestres me levou a perceber a importância de contar minha história. Falar de nós, por nós, é resistir à invisibilização das nossas narrativas”, afirma Dani de Iracema, que completou dez anos em Salvador, onde aprofundou seu processo de reconhecimento da negritude e descolonização corporal. As influências da capoeira angola e do samba de roda, aprendidos com mestres como Mestre Renê e Dona Aurinda do Prato, foram fundamentais em sua jornada artística.

Sertão Sankofa busca ser um quilombo e aldeia artística, um espaço simbólico de resistência, onde corpos-memória se encontram para resgatar narrativas silenciadas pelo colonialismo. “Sertão Sankofa é retorno, busca, retomada. É visibilizar a contribuição negra e indígena, em um território onde o coronelismo ainda privilegia narrativas eurocêntricas”, explica Dani.

O projeto foi contemplado pelos Editais Paulo Gustavo Bahia e conta com apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Cultura e da Lei Paulo Gustavo, criada para apoiar emergencialmente o setor cultural.

Além deste projeto, Dani de Iracema, mãe e artista multidisciplinar, desenvolve outras iniciativas que conectam tradição e contemporaneidade, como “Escuro Fértil”, oficinas para mulheres negras e indígenas, e o projeto “ORÍginárias”, em parceria com Juci Reis e Flotar Programa.

Foto: Gabriella Correia

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Criado por Jadson Nascimento

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