O projeto social Maria Bailarina, conhecido como Balé da Base Comunitária da Polícia Militar, é uma iniciativa que oferece aulas gratuitas de balé clássico para crianças de 3 a 12 anos, moradoras do Calabar e do Alto das Pombas, em Salvador. As turmas estão estruturadas em três categorias: Baby Balé (3–5 anos), Pré-Balé (6–8 anos) e Preparatório (9–12 anos).

O crescimento do projeto tem sido significativo, de 34 crianças matriculadas no ano passado para aproximadamente 80 em 2025, demonstrando uma demanda cada vez maior. As aulas ocorrem todas as sextas-feiras na Base Comunitária de Segurança, distribuídas em seis turmas (três pela manhã e três à tarde). Aos sábados, as crianças participam de atividades extracurriculares que fortalecem a identidade negra, como oficinas de literatura, visitas a blocos afros, museus, teatros e outros espaços culturais.

Entre os objetivos centrais estão garantir o acesso e a permanência de crianças negras e de periferia no balé clássico, estimular encaminhamentos para processos seletivos em instituições artísticas e culturais, promover vivências com artistas, apresentar às crianças em espaços externos e dar suporte à frequência escolar e às necessidades familiares.

Dados e contexto reforçam a urgência e relevância do Maria Bailarina, especialmente em Salvador:

• No Brasil, 55,5% da população se autoidentifica como negra (pretos e pardos), sendo essa a maioria demográfica do país O Tempo.
  
• Além disso, uma pesquisa divulgada em julho de 2025 apontou que 61,7% das crianças de 0 a 3 anos em Salvador vivem em situação de vulnerabilidade social Globoplay.
  
• Em termos de acolhimento institucional, a Fundação Cidade Mãe ampliou de 764 para 1.867 crianças e adolescentes atendidos entre 2021 e 2024 — um indicativo claro da crescente demanda por políticas de proteção e cultura para esse público Muita Informação.
  

Nos últimos meses, o Maria Bailarina promoveu diversas ações impactantes como oficinas de boneca abayomi e literatura negra, oficina de flexibilidade, apresentação no festival INVEX da Escola Contemporânea de Dança, rodas de conversa sobre educação financeira para mulheres negras, visitas ao Museu da Energia, oficinas de cultura indígena e penteados para cabelos crespos e cacheados. Houve ainda participação na Semana da Dança do Shopping Barra e uma atividade especial com a bailarina Mirelle Mattos. Em 2024, quatro alunas foram aprovadas no processo seletivo “Jovem Promessa da Ginástica Artística”.

Apesar do impacto cultural e social positivo, o projeto enfrenta desafios críticos. A idealizadora e professora Tainã Santiago destaca que o número de voluntários não acompanha o aumento de matrículas. “Estamos com cerca de 80 crianças e poucos voluntários, o que torna difícil acompanhar cada aluno e suas famílias, que muitas vezes têm necessidades especiais”, explica ela.

Além disso, não há apoio financeiro regular, sendo a maioria dos custos cobertos por Tainã e voluntários. “Atualmente, não recebemos verba. Estou buscando editais, mas sabemos como é difícil. Por isso, estamos divulgando a chave Pix para arrecadar doações que nos ajudem com fardamentos, lanches nos passeios e figurinos para as apresentações previstas para novembro e dezembro”, afirma.

A estrutura física do projeto também precisa de atenção: a sala de aula tem goteiras, faltam espelhos e barras de balé, e o ar-condicionado está quebrado. Muitas crianças não têm collant, saia ou sapatilha, itens básicos. Além disso, faltam figurinos adequados para apresentações.

Mesmo diante dessas adversidades, o Maria Bailarina continua sendo um espaço de valorização cultural e social, promovendo aulas em perspectiva afro que traz representatividade para as crianças e reafirma a importância da presença negra no balé clássico.

As doações podem ser feitas via Pix: mariabailarinaadm@gmail.com